Quinta-feira, 30 de Março de 2006
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De sorriso estampado no rosto, na voz, no movimento rítmico do batuque, todos na Paróquia Maria Auxiliadora conheciam desta maneira a
Cremilde, namorada do Belmiro. Era a salmista e regente do grupo coral dos jovens que, periodicamente, animavam a eucaristia dominical.class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Faleceu há cerca de 3 semanas com um rebento no ventre, derivado a anemia e malária, segundo as justificações mais oficiais.class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Esta é uma homenagem minha e dos leigos que a conheceram, sempre tão viva e alegre.class=MsoNormal style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt">Até sempre, Cremilde!
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Vindo no sentido Norte-Sul, na VCI deve sair na indicação "Espinho" e anda cerca de 2 km até à indicação "Valadares Estação". Aí sai, vira à esquerda e anda cerca de 700 m até chegar ao Seminário da Boa Nova.
Vindo no sentido Sul-Norte pela A29 deve sair na indicação "Porto (Arrábida)" e "Valadares" para a IC1. Percorre cerca de 2,5 km até à indicação "Valadares Estação". Aí sai, vira à direita e anda cerca de 700 m até chegar ao seminário da Boa Nova.
Segunda-feira, 27 de Março de 2006
No primeiro fim-de-semana do mês de Abril (dias 01 e 02) decorrerá o 43.º Encontro Nacional dos LBN no Seminário da Boa Nova em Valadares, e que se integra no plano de Formação para os candidatos dos Leigos Boa Nova. O programa é o seguinte:
Dia 01 – Sábado
09h30 – Acolhimento
10h00 – Oração
10h15 – Quaresma no Mundo
11h30 – Compromisso cristão com o desenvolvimento (em grupos de trabalho)
12h15 – Plenário
13h00 – Almoço
14h30 – O modelo missionário de S. Paulo
17h00 – Lanche
17h30 – O papel da Cooperação Estrangeira no desenvolvimento de Moçambique
20h15 – Jantar
21h15 – Convívio
Dia 02 – Domingo
08h00 – Oração
08h30 – Pequeno-Almoço
09h15 – Arranque 2006. Um olhar sobre os projectos.
10h30 – Definição de tarefas e actividades e sua operacionalização
12h00 – Eucaristia
13h00 – Almoço
É bom que confirmem as presenças!
Um abraço! Sérgio Cabral
Dizemos hoje que a escravatura já foi abolida, mas todos sabemos que ela ainda existe entre nós. Basta, apenas, referir o aprisionamento de mulheres nas teias da prostituição; as crianças, vítimas de exploração, quer sexual, quer de trabalhos muito pesados, principalmente nos países em vias de desenvolvimento.
Mas não é dessa escravatura óbvia que eu quero falar. É de um tipo de escravatura mais subtil, e que se disfarça em oportunidades de sucesso, de prazer, de gozo, de qualidade de vida. Nessa escravatura, o escravizador escraviza o escravizador de si mesmo. Ou seja, tenta pressionar psicologicamente o outro para que se convença do bem que lhe está a oferecer. Ora, o outro aceitando, a responsabilidade é-lhe transferida e torna-se, ao mesmo tempo, escravizador e escravizado. Este escravizará outros sem ter consciência do mal que está a fazer, e deste modo, provocará mais escravizadores.
De facto, este tipo de escravatura é como uma cobra que se dissimula e esconde, um mal difícil de identificar e de provar, que quer fazer-se passar por um bem para, quase sempre, obter lucros, ignorando a integridade e dignidade das pessoas.
Refiro-me, concretamente, ao markting agressivo praticado por tantas empresas, às ondas de moda que anestesiam completamente as pessoas, ao fanatismo político e religioso, etc. Há uma saturação de outdoors, de spots publicitários, de imagem em todos os cantos das nossas cidades. Bancos, seguradoras, empresas de automóveis, de cosméticos, hipermercados, clubes de futebol, marcas de prestígio, igrejas, parecem querer oferecer-nos a felicidade. É caso para perguntar: com tanta oferta e facilidade, por que andamos todos a olhar para baixo? Isto foi o que mais impressionou o Augusto nos três meses que está em Portugal. Olhar para baixo. Veio da província mais pobre de Moçambique, Niassa, e neste país embateu com a tristeza dos lisboetas dentro dos transportes públicos, nas ruas, nos centros comerciais... Porquê?
Não há dúvidas, por isso, que a liberdade e a felicidade não se conquistam com notas, na aquisição de bens materiais, mas descobrem-se quando se chega a uma capacidade interior de receber e dar amor. Só assim se quebra este ciclo esclavagista, elevando-nos para um outro patamar, de onde a perspectiva é bem mais ampla. Daí saberemos ver, ainda que, com alguma dificuldade, os escravizadores-escravizados, mesmo que apareçam camuflados a olhar-nos sorridentes, de gravata, e bem dispostos. E reconhecer-nos tantas vezes como tal nesta ou naquela situação da nossa vida.
Duas pessoas novas: Carlos Coutinho, de Vale de Cambra e Eduarda, de Oliveira de Azeméis, voluntários para ajudar na secretaria. Em fevereiro, começámos o estudo da Encíclica Deus é Amor de Bento XVI. Eros e Agapé não podem viver um sem o outro. Hoje avançámos: Deus ama apaixonadamente a humanidade e cada uma das suas criaturas; amor que perdoa, amor que se doa todo, até capaz de morrer pelo amado.
Agradecemos aos voluntários que têm vindo ao secretariado realizar tarefas. Terminámos com um almoço de festa.
D. Beatriz veio da Suiça para o nosso encontro. O Casimiro, promovido a Leitor, fugiu ao seminário para estar connosco. Uma cara nova: Helena, colaboradora dos LBN. O Miguel encantou com as suas histórias da Gabela: Estou chocado com o que vejo nas ruas de Lisboa, só caras fechadas. Ao fim de alguns dias, até eu estava a ser contagiado e teve que reagir. É que na Gabela, apesar da pobreza e das dificuldades, a alegria está sempre estampada na cara (a excepção é Luanda "onde há 4 milhões de desesperados a tentar sobreviver"). Angola é um país de crianças. As ruas estão cheias de brincadeira. Eu nunca aceitaria dar aulas aqui, mas, na Gabela gostei de dar aulas e muito: os alunos estão atentos, em silêncio, perguntam com respeito. "O clima da Gabela é espectacular. O melhor que já encontrei no mundo... E olhem que eu já morei em vários países"
Os subsídios para agricultores europeus e norte-americanos foram tema do encontro da Organização Mundial do Comércio, em Hong Kong. Parece um assunto para economistas. Não é. Tem que ver com todos nós. Há décadas que somos confrontados com a produção subsidiada de vegetais e de carne dos agricultores europeus e dos EUA. Numa palavra: fomos aceitar a lógica do mercado livre, mas esse princípio só vale para uns. O proteccionismo continua a ser válido desde que beneficie os próprios países ricos. Fiquemos com um primeiro facto: uma vaca europeia recebe dois euros diários por via dos referidos subsídios. Uma vaca japonesa recebe 5,7 euros. Milhões de pessoas, entretanto, vivem com 82 cêntimos de euro por dia. [1] Uma segunda questão: será que esses subsídios vão para o agricultor pobre da Europa? Admire-se o leitor incauto. O príncipe Alberto do Mónaco não será um camponês pobre. Mas ele juntamente com a rainha Isabel da Inglaterra, figura entre os 58 agricultores mais beneficiados pela chamada PAC (Política Agrícola Comum) da União Europeia. A terceira questão é uma pergunta: o leitor sabe o que é o “dumping”? Pois eu não sabia. Aprendi o conceito quando seguia a intervenção da malawiana Irene Banda na referida reunião em Hong Kong. Pois o “dumping” consiste na fixação de preços abaixo dos custos de produção para liquidar a competição. Isso está sendo feito, por exemplo, para o algodão. Os produtores de algodão de África enfrentam esta gigantesca imoralidade. Vamos ver como. Com uma primeira ressalva: ao falar de algodão não nos referimos a um produto. Falamos, sim, de 20 milhões de africanos que dependem da sua produção. Não é, como se pode ver, um assunto para economistas. O algodão é um bom exemplo de como as distorções comerciais e o tal “dumping” falsearam as normas do relacionamento entre os países. Os reflexos desta injustiça mostram como podemos entender a chamada «ajuda» dos chamados “doadores”. Em cinco anos, 25 mil produtores dos Estados Unidos receberam 9,8 mil milhões de euros em subsídios. Ao mesmo tempo, devido a uma descida brutal dos preços internacionais do produto, mais de 10 milhões de agricultores africanos sofreram uma dramática queda de rendimentos. Em 2001, a ajuda financeira dos EUA ao Mali foi de 31 milhões de euros. O país perdeu por causa desta política proteccionista cerca de 35,4 milhões de euros. O «dumping» do milho nos EUA representa para países como as Honduras, Equador, Venezuela e Peru a perda de 3,3 mil milhões de euros por ano. A conclusão pode ser apenas esta. Nós, pobres do Terceiro Mundo, pedimos aos ricos o seguinte: não nos dêem mais. Basta que não tirem mais.
[1] 1.200 milhões de pobres absolutos, segundo Relatório da ONU de 2002, mas a cifra sobe a 2.800 milhões de fizermos a conta aos que têm um rendimento só um pouco acima de um dólar. Pobres absolutos são considerados os que têm um rendimento inferior a 365 dólares anuais.
Mia Couto, Maputo